Vivia ouvindo as tias perguntarem dos "namoradinhos". Vivia me cobrando por não ter ninguém para entrar de mãos dadas comigo na casa da vó, aniversário do tio ou churrasco da firma. Vivia me condenando por ser sempre a prima solteira, colega encalhada e amiga da farra. Carregava comigo um fardo que a sociedade me impôs dizendo que eu estava fora do padrão, mas eu não estava. Eu nunca estive fora do padrão, as pessoas que aceitavam viver privadas de seus prazeres porque a sociedade achava que era errado.
Ei! Nunca é errado ser feliz. Me livrei das algemas que me colocaram logo que nasci e me aceitei. Aceitei ser livre e estar em paz, ter meu livre arbítrio desimpedido, poder abrir os braços e sentir que, por mais que me julguem, ninguém afetará uma mente leve. Aceitei que a culpa não era minha e resolvi viver, e quando isso aconteceu, tudo mudou. Quando eu finalmente me aceitei, alguém simultaneamente me aceitou também.
Alguém apareceu com a mente tão translúcida como a minha, querendo as mesmas aventuras e compartilhando os mesmos sentimentos, e nesse momento que eu aprendi que não adianta procurar príncipe encantado, "amor da vida" ou simplesmente os "namoradinhos", eles vão aparecer no momento certo, quando não tiver fardo nenhum nas mãos e que eu possa ocupá-las apenas com seu abraço. É nesse momento, quando a alma está tranquila, liberta, solta, desimpedida, calma, equilibrada, sossegada, relaxada, serena é que aparece alguém a nossa altura, e nos transforma no melhor que podemos ser.
Mas, e o casamento?
