12 abril 2017

Minha flor roxa

Uma vez eu plantei uma flor. Eu joguei a semente e adubo, reguei e cuidei. Apesar de saber que alguém poderia passar e arrancá-la, eu cuidei. Cultivei. Eu gostava dela, não era rosa, nem margarida, eu sequer sabia que tipo de flor era, mas era a que eu cuidava, era a que eu cultivava e isso já era suficiente para eu amá-la. Ela passou a fazer parte da minha rotina: às 6h eu acordava e corria, às 7h eu tomava banho, às 7:30 eu sentava e tomava café com panquecas ou torradas e geleia, às 8h eu ia cuidar da minha menina. Berenice. Sentava, regava, dava à ela o sol necessário para a fotossíntese, conversava e por vezes até resposta tinha. Obviamente não ouvia ou trocávamos palavras, mas pra mim, a aparência dela sempre falou muito. Os dias mais sombrios para mim, eram sempre desanimadores para ela. Ah Berenice, como eu amo você. Como você têm me dado força, como você têm sido um motivo a mais para eu acordar.
Sempre que os vizinhos me viam com a Berenice a elogiavam: que linda sua flor!Isso me enchia de orgulho e ela parecia ficar mais radiante ainda.
Um dia choveu. Muito e intensamente. Fortes ventos e trovões. Fiquei com medo, assustada, amedrontada, pedindo que nada levasse minha pequena e frágil flor. Galhos voavam e eu já quase tinha perdido a esperança de que minha flor continuasse no jardim. No dia seguinte, saí cedo pra correr, tomei meu banho, e comi minhas torradas. Peguei uma xícara de café e fui, triste ver o que havia sobrado da Berenice, e  para meu espanto ela estava lá, linda, forte, radiante e mais roxa do que nunca. Parecia que todos os raios de sol queriam dar bom dia a ela. Iluminada, viva, linda.
Comecei a conversar com ela, falar do quanto eu achava fantástico tudo aquilo e do amor com que ela foi plantada e cultivada. Só eu falei -obviamente-, mas ainda assim, foi eu que aprendi.
Aprendi que algo cultivado e cuidado com amor, não se desfaz com a tempestade. Aprendi que o empenho, a dedicação e o esforço nunca é em vão. Aprendi a amar as coisas independente de ter retorno ou não. Aprendi e continuo aprendendo a dar amor, afeto, carinho, atenção. O amor nunca é desperdiçado, o amor nunca é jogado fora, ele é fonte de energia, vitalidade, ele é a fortaleza. Ele é a força que se mantém depois do furacão. Ele mantém tudo vivo, tudo forte. O amor é a base que se sustenta em qualquer circunstância. Se tem amor, não importa a o tamanho da tempestade, no dia seguinte, a flor desabrocha e sorri pro mundo, porque o mundo vai sorrir pra ela também.


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