Hoje vou escrever sobre impaciência, da pressa que temos nos acontecimentos e de autocensura – pressa por não querer procrastinar emoções. Momentaneamente prefiro me afixar a oração sobre o apego, ou melhor, à urgência de amar sem a preocupação de ponderações. De tanto amar “torto”, percebi a comum falta de costume que temos em anular padrões. Ex: se conhecemos alguém, e em menos de uma semana sentimos aquela vontadezinha de ficar pra sempre junto dessa pessoa, nos culpamos. Isso é resultado de um aprendizado de anos, baseado no princípio de que, mostrar interesse prontamente por alguém nos faz perder o interesse de outrem, exala um ar franzino. Se nos cativamos no primeiro/segundo/terceiro encontro, e saímos por aí, noticiando aos quatro cantos, com aquele sorriso largo no rosto, somos precoces, imaturos, desesperados. Funciona assim: para quase todo mundo, relacionamento só dá certo se um dos dois demonstra menos, ama menos.
Doutrinas que não passam de suposições, equivocadas, apenas!
Já faz um tempo que eu não tenho mais aquela paciência de aguardar na fila do “mais do mesmo”. Possivelmente isso me resultou alguns afastamentos, consequentemente tenho pedido menos conselhos, lido menos livros de autoajuda (nenhum na verdade) e me comparado menos, muito, muito menos com os outros.
Bandeira branca, toalha jogada, cartas na mesa, eu já saí (correndo, aliás) dessa cúpula que crê na felicidade como um produto, que pode ser obtida através de manuais, que se baseia em fórmulas prontas (da indiferença, da cara feia, do “não ligar no dia seguinte”, do “não atender o telefonema”, do “demorar em retornar um sms”, nariz empinado...)
Ainda vai chegar o dia que eu vou compreender porque damos tanto valor ao que os outros pensam e isso é um problema cultural, sei disso. Vivi assim durante anos também. O que me deixa intrigada é assistir essa seita com milhares de pregadores fiéis (pessoas que deixam de dizer ‘eu te amo’ porque isso é coisa de gente muito “apegada”).
Acho essa história de abafar felicidade bem cruel.
Acredito veementemente que é imprescindível dizer as coisas no mesmo momento em que as sentimos. Abafar emoção dói, sufocar sentimento angustia, traz aquele falso e vazio ar de superioridade – eu disse ‘falso`! Não demonstrar o que sentimos não faz de nós mais fortes. Não há nenhuma defesa pra isso, nem argumentos validos que sustentem essa tese. O problema é que pensar assim, sozinha (ou com poucos compartilhadores dessa mesma opinião), é complicado. Ainda mais quando ainda há aqueles que não entendem o “jogo de não jogar” e preferem dar valor a quem “se faz” de difícil. É natural que você se abale, titubeie, se desmotive...
Mas independente da falta de “seguidores” e apreciadores dessa “humilde” opinião da amiga que vos fala, uma coisa é passível de alta e verdadeira afirmação: a mentira contada dói tanto na gente, mas nada dói mais que mentir pra si mesmo.
Dessa fase eu já passei, e você?
