29 agosto 2013

Telefone

O telefone tocou. Em fração de segundos me passou um filme na cabeça, e eu já não sabia se devia ou podia atender. Tinha medo mas eu precisava saber o que iria ouvir. Na verdade, eu não precisava, eu não queria, tinha apenas curiosidade. Tudo ficou pra trás, as respostas que eu buscava, hoje já não preciso, mas a minha curiosidade quer ser saciada, e talvez atendendo essa chamada ela sossegue e eu não me atormento mais com esse assunto. O telefone não para de tocar. E eu estou me corroendo. Me matando aos poucos. Mas a mesma curiosidade que me mata aos poucos, pode me matar repentinamente. Não atende. Atende. Minha mão já está posicionada para atender. Minha razão não deixa. Não, não atende. É algo ruim, você não precisa, você não quer. São respostas de perguntas que eu já não tenho mais, ou talvez já tenham sido respondidas, mas nos últimos dias me tranquei no meu mundo, tão isolada que me deixei corromper pelas minhas próprias ideias. Mas o telefone não para de tocar. Talvez eu precise atender, para dizer que eu já não preciso mais. Ou talvez queira atender pra decidir, se ouço a razão ou o coração. Maldito coração, sempre vence: “-Alô”.

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